O que são Organizações Exponenciais ou EXOs do inglês Exponential Organizations? Este termo, criado por Salim Ismail, empreendedor serial canadense e fundador da Singularity University(1),se refere às empresas que desenvolvem soluções 10 vezes melhores, mais rápidas e com menor custo, comparativamente aos demais participantes de mercado.
Por Marcos Morita e Antônio Dirceu de Miranda
Crescimentos exponenciais são comuns em campos de conhecimento como biologia, economia e mais recentemente na informática. Epidemias e pandemias, com a proliferação de vírus e bactérias no primeiro caso e juros compostos no segundo. Já no território dos bits e bytes, podemos citar a Lei de Moore(2), segundo a qual o número de transistores de um chip dobra a cada dezoito meses, razão pela qual nosso computador e smartphone precisam ser trocados de tempos em tempos
Em empresas, todavia, o modelo mais familiar é o crescimento linear, em geral atrelado à performance da economia, o que faz soar o padrão exponencial ainda mais estranho, em épocas de PIB magrinho. Que executivo em sã consciência, divulgaria aos acionistas que sua empresa dobraria de tamanho em 2020? Veja abaixo uma comparação das curvas exponencial versus linear do que estamos falando:
Quais são essas empresas que conseguem crescer de forma tão acentuada? É simples. Pense em como era sua vida antes e agora, seja para tomar um táxi, reservar um quarto de hotel, enviar uma mensagem, pedir uma pizza, chamar um motoboy, assistir a um vídeo, fugir do trânsito e investir suas economias. Estamos falando do Uber, 99, AIR BNB, WhatsApp, IFood, Rappi, Netflix, Waze e XP. Inovações disruptivas(3), desestabilizando as outrora corporações dominantes nestes setores.
O que estas empresas têm em comum? Elas são melhores, mais rápidas e com menor custo operacional, conforme a definição do primeiro parágrafo. Sob o ponto de vista teórico encaixam-se nos modelos aqui citados de Salim Ismail, adaptados aos 6Ds(4) de Peter Diamandis e Steven Kotler, conforme descrito abaixo:
- Digitalização: processo pelo qual um sinal analógico é transformado em digital. Lembra-se de quando revelava as fotos de suas férias, limpava seus discos de vinil e rebobinava suas fitas de vídeo antes de devolvê-las? Pura lembrança analógica, convertidos em formato digital.
- Disrupção: eu não gostaria de estar na pele dos impactados pela digitalização, cujo choque costuma ser arrasador em seu ecossistema. Voltando ao exemplo das fotos, comprávamos filmes e revelávamos fotos. Lojas, laboratórios e fabricantes de máquinas de revelação simplesmente sumiram do mapa. Comprar um taxi em um aeroporto era um investimento caro, porém certo e lucrativo. Era.
- Desmonetização: consequência da disrupção, derrubam os custos de maneira drástica. Em uma viagem, você escolhia a melhor pose e o melhor ângulo para bater a foto perfeita, uma vez que o número de poses era limitado, 24 em geral. É bem provável que hoje você tire estas mesmas 24, porém de uma mesma pose. Os mais velhos talvez se recordem do tamanho das caixas postais de e-mail no começo da internet. Uma foto em alta definição provavelmente estouraria o espaço.
- Democratização: como diz o próprio nome, refere-se ao momento em que a tecnologia se torna popular e disponível, através de plataformas digitais. O mesmo Waze é utilizado pelo presidente da empresa a caminho de uma reunião de negócios e pelo motorista de UBER em uma corrida, os quais trocam mensagens pelo mesmo WhatsApp e assistem ao mesmo Netflix quando chegam em casa.
Mas como implantar este modelo em minha empresa, deve estar se perguntando o executivo ou empresário linear. Ismail em seu livro, Organizações Exponenciais, traz dez características internas e externas comuns a estas empresas, as quais explorarei em um próximo artigo. Como spoiler, muitas se valem de ativos alavancados. Quantos veículos tem o UBER? E o AIRBNB, quantos quartos? Nenhum, uma vez que utilizam-se de ativos de terceiros, razão pela qual conseguem crescer de maneira exponencial, sem a necessidade de imobilizar capital.
Bem vindo a era das organizações exponenciais e até o próximo artigo.
Marcos Morita e Antônio Dirceu de Miranda, são autor e coautor respectivamente de textos para o blog da Bankrisk School of Banking.
Para saber mais:
Diamandis, Peter. Oportunidades Exponenciais. Editora HSM, São Paulo, 2018.
Ismail, Salim. Organizações Exponenciais. Editora HSM, São Paulo, 2015.
Diamandis, Peter. Abundância. O futuro é melhor do que você imagina. Alta Books, Rio de Janeiro, 2012.
Referências:
1 Singularity University – Fundada em 2008 na Califórnia pelos futuristas Peter Diamandis e Ray Kurzweil, tem como propósito criar um impacto positivo na sociedade, através das tecnologias exponenciais. Além disso, a comunidade Singularity inclui empreendedores, corporações, ONGs globais, governos, investidores, e instituições acadêmicas em mais de 127 países.
2Lei de Moore – profecia de Gordon E. Moore, presidente da Intel, segundo a qual o número de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo mesmo custo, a cada período de 18 meses.
3Inovações Disruptivas – termo criado por Clayton Christensen, professor de Harvard, baseado no conceito de “destruição criativa” cunhado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter em 1939 para explicar os ciclos de negócios.
46Ds – modelo desenvolvido por Peter Diamandis para descrever o ciclo de crescimento digital, composto por 6 etapas: digitalização, decepção, disrupção, desmonetização, desmaterialização e democratização,
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