Para nós da BankRisk, formatos e metodologias inovadoras de aprendizagem sempre foram uma marca registrada em programas de treinamento presenciais e nos tornamos conhecidos por transformar conteúdos normalmente áridos e complexos em conhecimento de fácil acesso. A simplicidade e clareza na comunicação sempre foi nosso mantra.

De repente, nos vimos em meio a esta pandemia, com o desafio de transformar programas presenciais em remotos, porém, não abrindo mão dos elementos de metodologia pelos quais, até então, fomos reconhecidos.

Tendo isto em mente, desde o primeiro dia em que nossa equipe se reuniu virtualmente para planejar ações futuras, jamais pensamos em converter programas presenciais em remotos, com características passivas de aprendizagem.

Hoje estamos aqui para falar-lhes um pouco sobre nossa experiência com a sala de aula invertida, só que agora, “remotamente” invertida!

Quando estávamos pesquisando para escrever este artigo, nos deparamos com um outro artigo escrito pelo “Center for Teaching & Learning” da Faculdade de Berkeley (EUA) e decidimos então iniciar comentando seus principais pontos, já que representam muito do que pensamos a respeito do tema.

Para quem não está familiarizado com o termo “sala de aula invertida” ou “flipped classrom”, é uma forma de promover a aprendizagem, onde o aluno é sujeito ativo neste processo. Ele se prepara antes da aula presencial e esta se torna um lugar de aprendizagem ativa, onde há perguntas, discussões e atividades práticas. Isso não significa reduzir o papel do professor. Justamente o contrário, o professor torna-se um grande facilitador da aprendizagem em contraposição ao sistema tradicional, em que o aluno primeiro aprende em uma aula expositiva e depois realiza tarefas sozinho em seu ambiente.

O que o “Center for Teaching & Learning” da Faculdade de Berkeley (EUA) diz a respeito:

“Inverter a sala de aula é uma abordagem pedagógica na qual os alunos exploram o conteúdo de um curso fora da sala de aula, visualizando, por exemplo, um vídeo de aula pré-gravado, um módulo digital, ou concluindo tarefas de leitura preparatória. O tempo em sala de aula visa o engajamento, investigação e avaliação, permitindo que ele aplique e elabore sobre os conceitos aprendidos. As sessões em sala de aula normalmente envolvem cursos colaborativos e uso de estratégias de aprendizado ativas, incluindo estudos de caso, conjuntos de problemas ou discussão estruturada. As diferenças entre palestras tradicionais e uma abordagem invertida são ilustradas abaixo:

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Ainda segundo o artigo, há vários benefícios na implementação de salas de aula invertidas:

  • Aprendizado mais individualizado no período em sala de aula, já que o professor passa a atuar junto aos alunos e não mais como palestrante.
  • Oportunidade de se aprofundar o nível de discussão e conhecimento sobre os temas apresentados.
  • Maior interação entre professores e alunos e entre os próprios alunos.
  • Controle do aluno sobre o ritmo das aulas: ele pode ver e rever conteúdos gravados quantas vezes quiser.
  • Os encontros ficam mais dinâmicos em linha com modernas técnicas de gestão que os alunos encontrarão em suas vidas profissionais.

Vamos agora falar como nós da BankRisk vemos o desafio de levar os conceitos da sala de aula invertida para modelos remotos:

Converter o conteúdo de um curso presencial em remoto não é uma tarefa fácil. A seguir, falaremos de algumas ações que temos testado, uma primeira “dica” seria começar com pequenas mudanças no formato tradicional de sua aula. Vamos a elas:

Familiarizar-se com as ferramentas e abordagens, explorando maneiras de converter encontros síncronos em aprendizagem colaborativa e ativa, criando pequenos grupos de discussão, por exemplo:

  • Envolver os participantes antes do início do programa com ações como:
  • Inventar uma forma “cool” de convidar o participante para o curso. Venda bem seu peixe a respeito do que será o curso!
  • Elaborar perguntas provocativas que agucem a curiosidade para o tema a ser tratado: “O que você sabe sobre…”, “Como tal assunto pode lhe ajudar em…”, “O que você vai aprender…”
  • Enviar vídeos, falando da importância do conteúdo para o seu dia a dia, enviar pequenos textos para leituras previas, deixando claro os pós-testes e que a aulas serão interativas.
  • Fazer com que o momento das aulas propriamente ditas, tenha todas as atividades síncronas, com a interação de todos participantes e o professor. Importante: se for o caso, fazer uma sessão prévia, somente para treinar os participantes na utilização de ferramentas colaborativas. As pessoas têm diferentes habilidades em utilizá-las.
  • Envolver os participantes criando grupos remotos e propondo trabalhos, onde cada representante irá expor o ponto de vista do grupo.

Na BankRisk temos adotado diversas ferramentas como o Miro, Zoom, Teams e Prezi e estamos sempre em busca das mais utilizadas.

Por fim, reproduzimos o “manifesto” da BankRisk para ensino remoto. Esperamos que ele sirva de inspiração para seus futuros projetos:

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Acreditamos que converter um curso presencial em formato remoto não significa apenas disponibilizar on-line o mesmo material do curso presencial. É algo muito diferente. Em um treinamento presencial, o instrutor interage diretamente com os alunos e garante que eles estejam envolvidos e que os objetivos de aprendizado sejam atendidos. No formato remoto, o jogo é totalmente diferente! Aqui na BankRisk, tratamos isto sempre como um grande desafio. É preciso aplicar técnicas instrucionais para garantir que o curso remoto obtenha uma transferência bem sucedida de conhecimento e habilidades. Pode-se seguir um modelo ADDIE¹ para seu desenvolvimento, como também, aplicar várias teorias e princípios de design instrucional.

O conteúdo tradicional do curso pode servir de base para a construção do formato remoto, todavia, ele precisará ser dividido em pequenos pedaços digeríveis e sequenciado logicamente. Além disso, aplicar exercícios e atividades, fazer com que os alunos questionem, sejam desafiados, fazendo-os pensar e resolver dinâmicas próximos ao ambiente do mundo real, é essencial para que o aprendizado aconteça.

Para conseguir isto, interatividade e dinamismo precisam ser parte integrante do formato remoto. Pense em utilizar a sala de aula “remotamente” invertida e conheça metodologias como 6Ds e 70/20/10.

Por fim, é importante fornecer ferramentas de suporte ao desempenho que ajudarão os alunos a aplicarem com êxito o conteúdo após o curso, que ainda poderão ser apoiados e envolvidos através de comunidades virtuais.

¹O modelo ADDIE foi desenvolvido pela Florida State University usado inicialmente em treinamento militar que significa Análise, Design, Desenvolvimento, Implementação e Avaliação das fases do processo de desenvolvimento de um modelo instrucional.

Esperamos que tenha gostado do texto e agradeceríamos se pudesses deixar seu feedback e contar um pouco de sua experiência.

Até o próximo artigo!

 

Antonio Dirceu de Miranda, CEO e fundador da BankRisk – Banking Intelligence

Raquel Caparrós, advogada, membro da ANPD e Gestora de Metodologias Ativas na BankRisk – Banking Intelligence.